28 dezembro 2008

Israel e Hamas

Este ciclo do pêndulo nunca termina. Michael Walzer disse-o há muitos anos, e continua a ser verdade: a opressão funciona como justificação para o terrorismo e o terrorismo como argumento para a opressão.

Os líderes do Hamas são responsáveis pelo bem-estar dos seus cidadãos. Isto passa, em boa parte, por não dar argumentos a Israel tanto para o bloqueio feito a Gaza, como para estes ataques. O Hamas não está realmente preocupado com os seus cidadãos. Não pode estar. A sua cegueira ideológica tem efeitos quotidianos para as populações, e a sua associação ao Irão, com um líder perigosamente anti-semita, não confortam as vítimas israelitas de rockets diários. E não lhes augurarem um futuro mais tranquilo.

Israel, por seu lado, deveria colaborar com as alternativas ao Hamas. Haverá outras formas de penalizar um governo que insiste em negar o direito de existência de Israel, e em louvar mortes suicidas, mas contribuir para que os Palestinanos se unam em seu redor não me parece a melhor. Optar por ataques indiscriminados, e por fazer de Gaza a maior prisão do mundo, onde já se diz que se vivia melhor no tempo de ocupação israelita, parece-me contra-producente.

Obama disse que o ataque isrealita é perfeitamente justificado, pois se alguém lancasse rockets contra a sua casa e as suas duas filhas, ele sentir-se-ia no direito de ripostar. Não sabemos se também se acharia nesse direito caso a sua casa fosse cercada, os alimentos racionados ao mínimo necessário para a sobrevivência; a electricidade, o gás e a água cortados e ele e a sua família proibida de sair. Eu, pessoalmente, acho que a violência é uma resposta previsível a ambas as situações. Mas a violência tem de ser cortada nalgum ponto. Há que fazer um contra-fogo a este ciclo de violência, iniciado por uma ocupação injusta, alimentado por ataques a civis, promessas de destruição e um cerco que procura uma punição colectiva.

Trazem os ataques indiscriminados a civis israelitas algum bem-estar às populações palestinianas? Tem esta punição colectiva algum resultado prático para Israel? Será que a pessoas que se sentem vítimas impotentes dos ataques israelitas não verão, ainda mais, o Hamas como referente de reacção? No passado, todos os ataques a populações civis, palestinianas e israelitas, se revelaram contra-producentes, porque seriam estes diferentes? E continua a ser incompreensível que o governo de Israel procure assemelhar-se ao Hamas.

Sarkosy, mais lúcido de Obama, condenou tanto "as provocações irresponsáveis que levaram a esta situação, como o subsequente uso desproporcionado da força", porque quem se lixa é sempre o mexilhão.

21 dezembro 2008

E ficam surpreendidos com a Grécia...?

19 dezembro 2008

Merchant Banker

18 dezembro 2008

Despedida

É hoje o último concerto de Alfred Brendel. Em Viena, no Musikverein, com o Concerto para piano nº 9 em mi menor de Mozart, e mais nada. Um triunfo mais que merecido.

12 dezembro 2008

Sujeira patenteada (poesia concreta - 2)


Comprei há bocado uma bolsa para CDs nos chineses aqui da esquina. Eis o que vem na embalagem:


09 dezembro 2008

Poesia concreta

Em Roma, até isto tem ares de poesia.
E isto ares de Império.

04 dezembro 2008

Mais Parabéns!!!

Desta feita foi o BB. Arrumou a tese número 1, que já nos andava a chatear seriamente. Passamos portanto a ter um amigo com dois títulos parecidos, mas subtilmente diferentes um do outro, o que revela a sua (e a nossa) sofisticação: Ivo Veiga, M.A. (Lisbon), M.Sc. (London). A não confundir com o MFA. Nem com a aliança Povo-MFA. Nem ainda com o Boletim do MFA, sobre o qual ficámos a saber um belo pedaço de novidades.
Agora só falta mais uma!

Ora, vamos lá ver se eu percebi

Torno-me mais velho e aumenta a minha demagogia e acidez. Só pode ser. Estou a tornar-me chato, até mesmo embirrante. Pelo menos embirro imenso com a gente que nos governa e representa.

Sou um picuinhas. Não gosto que o estado seja colocado ao serviço de quem não o serve. É como se um amigo me pedisse para tomar conta da sua mercearia e eu fosse oferecendo os produtos da loja a outros amigos meus. Isso é apenas parte da rábula dos contentores. Neste prolongar da concessão, sem concurso e quando a concessão em vigor se encontra a sete anos de terminar, são evidentes as mãos suadas e pouco éticas de Jorge Coelho. É que daqui a sete anos o PS pode não estar no governo. E ainda há uma lista de futuras ofertas à Mota-Engil pelo nosso governo. Tudo para esta pandilha parece normal.

Corrupção, jogos de interesses, nepotismo, mesmo em cheio na nossa cara. De tão evidente deixa-nos banzados. Levámos com a bola de basquetebol mesmo nas fuças e, como qualquer pessoa que tenha passado por essa experiência de vida saberá, a bola nunca é tão evidente quanto nesse momento; momento, porém, em que a nossa capacidade de reacção fica reduzida à de uma amiba anoréctica e alcoolizada.



O Luís Amado, por seu lado, repete até à exaustão com uma cara séria (ainda que sabendo que o seu interlocutor sabe que ele não o é, sério) que não conhece nenhum documento que comprometa Portugal com Guantanamo. Nega a participação, mais do que evidente, mesmo que indirecta, em actos de tortura. Diz que não há documentos que provem a colaboração de Portugal mas não nega categoricamente o acto em si. É ardiloso e faz (e fez) de todos nós cúmplices da vergonha. Tendo este homem as mãos tão conspurcadas eu também preferiria apertar a mão a um alemão qualquer.

Os professores, na sua ânsia de não serem avaliados, não deixam escapar que acham mal que um professor de educação física avalie um colega de história, por exemplo. Má vontade, lá está, que o nosso sistema de ensino criou uma resma de homens renascentistas, que de tudo entendem, que tudo captam, tudo avaliam.

E depois o nosso amigo BPP, já cá faltava. Somos todos financiadores dos pobres milionários. O nosso estado fecha escolas de apoio a deficientes, deixa estrangular as universidades e permite reformas indignas, tudo por falta de verbas. Mas Deus nos livre que os investidores do BPP percam o dinheiro que investiram em capitais de risco. Risco salvo seja, pois de risco parece ter muito pouco. O secretário do tesouro disse que seria uma vergonha para Portugal deixar falir um banco, vejam lá. Não é vergonha desprezar crianças deficientes, permitir a degradação do ensino (do nosso futuro colectivo) e a miséria humana. Vergonha é deixar os milionários arcar as consequências dos seus maus investimentos. Isso sim, envergonha Portugal.

Carlos Costa Pina e José Sócrates estão já a demonstrar a visão de longo prazo de que o nosso país padece. A cinco anos da saída do governo já estão a trabalhar para virem a ser convidados para um qualquer conselho de administração. Nem que para isso tenham de penhorar o nosso futuro, sendo, e fazendo de nós, lacaios de um grupo de pessoas que nem sequer os (nos) vê como tal.