Abandono
Em Portugal abandonam-se cada vez mais animais. É penoso. Todas as campanhas, acções e palavras parecem cair em saco roto. Sei que pouco podemos contar com o respeito dos portugueses pelos outros, sejam esses outros pessoas, animais ou plantas. Acaba por ser normal num país em que segue aficcionadamente actividades dais quais se retira prazer público em infligir sofrimento desnecessário sobre animais. A crueldade como entertenimento define razoavelmente um povo e uma forma de ver o mundo. A fragilidade alheia é merecedora de desrespeito desdenhoso. É um passo até fazer disso um divertimento. Como dizia uma cretina figura pública, e parafraseio, «os animais terão direitos quando as minhas vacas tiverem obrigações». Dar-lhe leite, dinheiro e, finalmente, alimento não é suficiente. Os portugueses abandonam os animais porque podem, porque como membros de uma sociedade de tiques adolescentes, com uma visão do mundo egocêntrica, ignorante e superficial, não conseguem nada para além do nevoeiro no qual voluntariamente se envolvem.
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