11 abril 2006

Mulheres na Índia

A vergonhosa e inaceitável prática de tratar as mulheres como objectos é, infelizmente, recorrente em muitas partes do mundo. Essa realidade está mais mitigada no Ocidente, contra cujos valores muitas das vozes ditas progressivas da nossa sociedade frequentemente se insurgem.

Isto para falar num dos casos específicos, o que se passa na Índia. Aí constantemente se abortam fetos femininos porque supostamente uma mulher é um encargo muito grande para a família, já que é a família da esposa que tem de pagar o dote à do esposo. Logo, por maioria de razão, dá lucro ter um filho e prejuízo ter uma filha.

A conclusão lógica é a crescente «escassez» de mulheres em relação aos homens. Na minha ingenuidade pensei que, a médio prazo, isso acabaria por originar uma inflexão nos comportamentos, mesmo que ligeira; uma inflexão na forma como se vêem as mulheres em particular e como se vê o outro em geral.

Há casos registados em que comunidades de características patriarcais se convertem ao matriarcado. Quem sabe se isso não poderia acontecer aqui. O «excesso» de homens poderia levar a uma maior procura de esposas em relação à oferta e as famílias destas negociarem em melhores termos o dote a pagar. Pelo menos isso. A médio prazo a condição da mulher poderia melhorar, motivada por questões económicas é certo, mas melhorar ainda assim.

Claro que nada disso se passou. Os homens desprovidos de mulheres na sua comunidade vão até às zonas mais pobres, principalmente ao sul do país, para comprar mulheres. Afinal de contas aí nem sequer há a possibilidade de fazer ecografias pelo que há mais mulheres a nascer. Apenas para depois serem vendidas por €40...

Depois são obrigadas a «rodar» entre irmãos e se não aceitam o mais provável é serem mortas.

Aqui não há cotas…

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