22 novembro 2006

Livros.


Outro dia comprei (por acaso e sem reparar no que estava a fazer) um livro do Italo Calvino que não conhecia (e que não me parece estar traduzido para português - desde já me ofereço aqui e agora para o fazer!): "Collezione di Sabbia". É uma colecção de crónicas e outros escritos publicados aqui e ali (no La Repubblica, no Corriere della Sera, etc.) que me chamou a atenção por incluir um artigo sobre a "cronaca nera", isto é a secção de "faits divers" mórbidos dos jornais (secção fascinante que mereceria por si só um outro post). O livro andou perdido dentro da minha mala e depois esquecido ao lado da minha cama durante umas semanas até que eu pegasse nele e o lesse de um só fôlego.

É excelente!!! Gosto sempre destes livros "menores" e desiguais, porque são como uma caixinha recheada de surpresas. O Calvino fala de tudo e de mais alguma coisa (mapas!, a árvore de Tule, pocilgas e arqueologia, o Japão, etc.) com a desinvoltura dum génio (que era) e a facilidade, a imaginação e o humor que lhe são característicos. Lembrou-me um outro livro (talvez irritante, mas sempre divertido) na mesma tradição enciclopédica do "eu-falo-de-tudo-e-mais-alguma-coisa" ("e-faço-vos-rir"): o "Como viajar com um salmão" do Umberto Eco. O Eco pode ser um gordo pretencioso e antipático - "una polpetta semiotica", diriam alguns - que nunca mais escreveu romance nenhum de jeito desde "O Nome da Rosa", mas viajar com ele (e com um salmão) é uma experiência inesquecível. E bem-disposta. Porque afinal de contas escrever (bem) não significa necessariamente mergulhar na imaginária seriedade das letras...

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