05 dezembro 2006

Francisco de Holanda (Lisboa 1517-1584).

Grande concorrente do Fernão Mendes Pinto na categoria de "escritor português mais mentiroso de sempre", o Francisco de Holanda parece-me um caso de "portugalidade" muito interessante e pouco conhecido.

Viveu em Itália de 1538 a 1547. Segundo ele, o Miguel Ângelo era o seu melhor amigo em Roma. Curiosamente, não se encontra uma única menção ao nosso compatriota nos escritos de Miguel Ângelo. O que não me espanta. Conhecendo a psyché lusitana, basta terem-se cruzado uma vez na rua e o Miguel Ângelo ter dito "Salve!" para o nosso Francisco regressar ao cantinho à beira-mar plantado afirmando que eram grandes compinchas.

Hoje deparei por acaso com um artigo sobre ele, datado de de 1928 e redigido em boa retórica fascista. Passo a resumir o dito artigo numa linha: "Francisco de Holanda, parvónio mentiroso português que admirava muito a nossa pátria e que veio para cá chatear e provavelmente assediar o Miguel Ângelo - que tinha mais que fazer -, tendo finalmente regressado ao seu país de grunhos cujo único feito digno de nota foi ter inventado o colonialismo; morreu infeliz, como seria de esperar". Traduzo-vos também o seguinte paragráfo:

"Não tinha Portugal, contrariaramente a Itália, aquela bem-aventurada juventude de espírito devido à qual, entre massacres e lutas e trabalhos de todo o tipo, princípes e poetas, artífices e mecenas se ocupavam com toda a alma de sonhos artísticos, cobrindo de flores os palácios conquistados com sangue, compensando com a alegria da magnificência o doloroso desgosto que, no fundo no fundo, todos os corações deviam sentir".

Historiadores do século XVI que frequentam este blogue, "à vous de jouer"...

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Ena pá!!! Em primeiro lugar, há que dizer que o complexo de superioridade do senhor em relação ao período em questão tem alguma razão de ser. Ao pé da Itália do Renascimento, nenhum país coevo suporta a comparação, muito menos o pequeno Portugal (que um insuspeito herói ultramarino como Afonso de Albuquerque dizia ser um país miseravelmente pobre). Mas, por outro lado, convém lembrar que o Renascimento, e com ele a ascendência cultural italiana, começaram a morrer em meados do século XVI. E se fingirmos que há uma cultura ibérica (e até ao século XVIII até certo ponto houve), podemos dizer que o que os espanhóis chamam o Siglo de Oro (Renascimento, Maneirismo e Barroco) na Península já não tem, no conjunto, que se envergonhar da comparação, sobretudo nos períodos mais tardios. Como que a reconhecê-lo, o maior poeta italiano do século XVI, Torquato Tasso, foi um grande admirador de Camões e d'Os Lusíadas, que fez questão de elogiar num soneto famoso (em Portugal). Nem todos os italianos são lusófobos.

AM

05 dezembro, 2006 23:50  
Blogger Radagast disse...

A não ser que o português em questão seja licenciado...

06 dezembro, 2006 10:03  
Anonymous Anónimo disse...

o chico da holanda é lindo! :')

11 dezembro, 2006 10:37  

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