Um mouro na outra costa
Quem deve ter pensado que havia mouro na costa - ou pelo menos um espião iraniano a passear pela praia - foram os meus amigos da Homeland Security. Durante o fim de semana passado, o Dude foi à Virgínia. Mais precisamente, a Norfolk, onde se encontra a maior base naval do mundo. É o que dizem os entendidos. E com efeito a cidade tem um charme estranho. É limpa e aborrecida como todas as outras, um pouco mais abastada até, e tem mesmo um não-sei-quê de história, visto estar próxima da colónia de Jamestown, fundada em 1607. O que a torna um tanto esquisita é a tal base naval. Olha-se para as águas cinzentas da baía de Hampton Roads, olha-se para a embocadura de Chesapeake Bay, olha-se para os idílicos bosques e os pântanos das redondezas, e em todo o lado surge a mesma coisa: máquinas de destruição.
Terminei a minha visita com um passeio pelo bairro mais pacato da downtown, uma série de pequenas ruas com paralelos, gatos sentados em varandas vitorianas cheias de flores, portas abertas de onde saem melodias e cheiros de domingo. Ao virar de uma esquina, por detrás de uns lilazes que ainda exudam a humidade da manhã, vêem-se uns tubos cinzentos esquisitos a apontar para o céu. São os canhões do USS Wisconsin, um dos maiores navios de guerra de sempre. Foi construído em 1944, esteve em Iwo Jima em 1945, e na Coreia em 1952. Andou a cruzar pelo Atlântico até 1996. Hoje faz parte de um museu onde as crianças aprendem as lógicas da guerra.
Ontem um gajo matou 32 pessoas num campus da Virgínia.
Mas se procuram "Battleship Wisconsin" no Google, aparece do lado direito um link que diz: "Looking for Battleship Wisconsin? Find exactly what you want today on eBay.com".
4 Comentários:
Este comentário foi removido pelo autor.
Eu sei que pode ser ignorância de um europeu de segunda (aliás, de CERTEZA que é ignorância de um europeu de segunda) mas acho que passear por estas cidades americanas tem um quê de assustador. Parece que está sempre latente uma explosão de violência vinda de algum lugar inesperado, que há uma tensão no ar...mas isto sou eu que ando a ver muitos filmes
Não não, em Norfolk não há tensões nenhumas, nem explosões. A lógica é mesmo levar a guerra para outros lugares.
Já sabemos que a solução para os problemas económicos dos EUA está no aumento das exportações
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