"Desempacotando a minha biblioteca"

Conheço pessoas que levam esta forma de vida a um extremo que se banaliza e deixa de se questionar, ou sequer de se considerar digno de questionamento. Compreendo, contudo, algumas fagulhas desta ansiedade.
«Desempacotando a minha biblioteca reparo que depois de tantos anos a queimar pestanas com deleuzes e derridas e barthes e foucaults e prousts e musils e ponges e austers e calvinos e delucas e kants e hélderes e giles e benjamins e alexandres e flauberts e stendhals e duras e bergsons e camus e gusmões e becketts e butores e quignards e handkes e llansóis e bhabhas e spivaks e cliffords e rimbauds e williams e sófocles e nietzches e o caralho, continuo sem saber resolver determinadas e enquinadas coisas da vida como por exemplo esquecer um corpo que foi de outros e que depois foi nosso e que voltará a ser de outros; escolher um lugar para viver; retribuir a quem me ama, afastar-me quando assim não o seja; aceitar a vinda do acontecimento; ser um homenzinho quando as circunstâncias assim o exigem; e outros tantos enigmas que nos habitam e para os quais nenhum livro nunca

1 Comentários:
brilliant!
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial