23 abril 2008

"Desempacotando a minha biblioteca"

Já noutros espaços citado, mas ainda assim merecedor de atenção. Poderia identificar-me mais se fosse dado à filosofia. Não sou. (Embora o livro ao lado me desperte curiosidade).

Conheço pessoas que levam esta forma de vida a um extremo que se banaliza e deixa de se questionar, ou sequer de se considerar digno de questionamento. Compreendo, contudo, algumas fagulhas desta ansiedade.

«Desempacotando a minha biblioteca reparo que depois de tantos anos a queimar pestanas com deleuzes e derridas e barthes e foucaults e prousts e musils e ponges e austers e calvinos e delucas e kants e hélderes e giles e benjamins e alexandres e flauberts e stendhals e duras e bergsons e camus e gusmões e becketts e butores e quignards e handkes e llansóis e bhabhas e spivaks e cliffords e rimbauds e williams e sófocles e nietzches e o caralho, continuo sem saber resolver determinadas e enquinadas coisas da vida como por exemplo esquecer um corpo que foi de outros e que depois foi nosso e que voltará a ser de outros; escolher um lugar para viver; retribuir a quem me ama, afastar-me quando assim não o seja; aceitar a vinda do acontecimento; ser um homenzinho quando as circunstâncias assim o exigem; e outros tantos enigmas que nos habitam e para os quais nenhum livro nunca dará uma resposta.»

1 Comentários:

Blogger Man Next Door disse...

brilliant!

23 maio, 2008 11:46  

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