04 dezembro 2008

Ora, vamos lá ver se eu percebi

Torno-me mais velho e aumenta a minha demagogia e acidez. Só pode ser. Estou a tornar-me chato, até mesmo embirrante. Pelo menos embirro imenso com a gente que nos governa e representa.

Sou um picuinhas. Não gosto que o estado seja colocado ao serviço de quem não o serve. É como se um amigo me pedisse para tomar conta da sua mercearia e eu fosse oferecendo os produtos da loja a outros amigos meus. Isso é apenas parte da rábula dos contentores. Neste prolongar da concessão, sem concurso e quando a concessão em vigor se encontra a sete anos de terminar, são evidentes as mãos suadas e pouco éticas de Jorge Coelho. É que daqui a sete anos o PS pode não estar no governo. E ainda há uma lista de futuras ofertas à Mota-Engil pelo nosso governo. Tudo para esta pandilha parece normal.

Corrupção, jogos de interesses, nepotismo, mesmo em cheio na nossa cara. De tão evidente deixa-nos banzados. Levámos com a bola de basquetebol mesmo nas fuças e, como qualquer pessoa que tenha passado por essa experiência de vida saberá, a bola nunca é tão evidente quanto nesse momento; momento, porém, em que a nossa capacidade de reacção fica reduzida à de uma amiba anoréctica e alcoolizada.



O Luís Amado, por seu lado, repete até à exaustão com uma cara séria (ainda que sabendo que o seu interlocutor sabe que ele não o é, sério) que não conhece nenhum documento que comprometa Portugal com Guantanamo. Nega a participação, mais do que evidente, mesmo que indirecta, em actos de tortura. Diz que não há documentos que provem a colaboração de Portugal mas não nega categoricamente o acto em si. É ardiloso e faz (e fez) de todos nós cúmplices da vergonha. Tendo este homem as mãos tão conspurcadas eu também preferiria apertar a mão a um alemão qualquer.

Os professores, na sua ânsia de não serem avaliados, não deixam escapar que acham mal que um professor de educação física avalie um colega de história, por exemplo. Má vontade, lá está, que o nosso sistema de ensino criou uma resma de homens renascentistas, que de tudo entendem, que tudo captam, tudo avaliam.

E depois o nosso amigo BPP, já cá faltava. Somos todos financiadores dos pobres milionários. O nosso estado fecha escolas de apoio a deficientes, deixa estrangular as universidades e permite reformas indignas, tudo por falta de verbas. Mas Deus nos livre que os investidores do BPP percam o dinheiro que investiram em capitais de risco. Risco salvo seja, pois de risco parece ter muito pouco. O secretário do tesouro disse que seria uma vergonha para Portugal deixar falir um banco, vejam lá. Não é vergonha desprezar crianças deficientes, permitir a degradação do ensino (do nosso futuro colectivo) e a miséria humana. Vergonha é deixar os milionários arcar as consequências dos seus maus investimentos. Isso sim, envergonha Portugal.

Carlos Costa Pina e José Sócrates estão já a demonstrar a visão de longo prazo de que o nosso país padece. A cinco anos da saída do governo já estão a trabalhar para virem a ser convidados para um qualquer conselho de administração. Nem que para isso tenham de penhorar o nosso futuro, sendo, e fazendo de nós, lacaios de um grupo de pessoas que nem sequer os (nos) vê como tal.

2 Comentários:

Blogger Mafarrico disse...

"amiba anoréctica e alcoolizada"... uau! onde foste buscar essa?

04 dezembro, 2008 18:28  
Blogger Radagast disse...

absinto

05 dezembro, 2008 00:48  

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