28 fevereiro 2006

A debilidade da liberdade de expressão

Agitada por estes cartoons , a liberdade de expressão tornou-se um pântano nos últimos tempos. Também aqui ficámos a saber que o Ocidente tem duplo critério. O castigo é em função do faltoso (ou do agravado) e não da falta em si. Exactamente o contrário do esperado num estado de direito, onde deveria existir o primado da lei.

É certo que deve haver bom senso e a liberdade de expressão não deve ser usada para atacar ou ofender outrém. Se tal for o caso a situação deve ser avaliada em termos legais.

Agora, haver coisas que logo à partida não devem ser ditas parece-me nefasto. Uma lei que castiga a negação do Holocausto é parcial e não deve caber num estado de direito. E negar a Inquisição, porque razão não é punível? E negar o massacre arménio? Como se sabe na Turquia há punição para quem diz que houve, mas deve ser essa a nossa referência?

Ken Livingstone, mayor de Londres foi suspenso (!) porque comparou um jornalista judeu a um guarda nazi de um campo de concentração. Fê-lo não por ser judeu mas por ser jornalista de um determinado jornal. A comunidade judia sentiu-se ofendida (ainda que nunca os judeus tenham sido referidos como grupo) e um autarca eleito que não quebrou nenhuma lei foi suspenso.
O que se segue? Quando é teremos de começar a olhar por cima do ombro, com medo de sermos presos, antes de falarmos de determinadas coisas...?

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

28 fevereiro, 2006 17:31  
Anonymous Anónimo disse...

li as transcrições do Livingstone. O que é grave nesta acusação é que ele começou por usar o argumento dos campos de concentração como se o seu interlocutor - que ele não sabia que era judeu - fosse um guarda nazi. Quando o dito jornalista disse que era judeu o Livingstone argumentou que tal era ainda mais grave pois o seu comportamento era o contrário daquele que os judeus sofreram. Claro que isto mexe com a memória histórica e a comunidade judaica sentiu-se um pouco melindrada. Mas é triste que um indíviduo - o jornalista - use uma calamidade histórica da sua comunidade para ter uma vingançazinha pessoal. Não sei como a comunidade judaica se deixou instrumentalizar nesta questão. Não entanto não esqueçamos que alguns dos apoiantes de Livigstone neste caso são precisamente judeus, o que não é por acaso. Nestes tempos de anti-semitismo encaputado, seria bom que as comunidades judaicas tivessem uma abordagem um pouco mais pragmática perante os problemas.

BB

28 fevereiro, 2006 22:55  

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