Ler nas entrelinhas.
Ronda matinal da imprensa, com o café na mão. Leio no Público:
O Governo pretende aumentar em 50 por cento até 2009 o número de lugares nas creches públicas para as crianças mais carenciadas, dentro das políticas de incentivo à natalidade, revelou hoje o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social.
Acho bem, até porque o apoio à primeira infância é particularmente fraco em Portugal (e, para não variar, muito abaixo das médias europeias). Também acho bem que se pense nas "crianças mais carenciadas". O que eu não acho bem é que se comece logo na primeira infância a fazer a seguinte distinção: "meio carenciado = público", "meio não carenciado = privado".
E sobretudo o que eu não percebo é porque é que a inserção de crianças carenciadas na rede pública de apoio à primeira infância faz parte das políticas de incentivo à natalidade. São duas questões diferentes. As crianças "carenciadas" não deviam ir para a creche para que os pais tenham (mais) filhos. As crianças "carenciadas" deviam ir para a creche porque o Estado tem a obrigação de proporcionar a todos os seus cidadãos (sem discriminação de origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família) as mesmas oportunidades e facilidades. Da mesma forma que os pais "não carenciados" ou simplesmente "remediados" têm o direito a ser incentivados a ter mais filhos sem terem de pensar no como é vão pagar mais aquele outro balúrdio de creche ... privada.
Por isso das duas uma, ou qualquer coisa me escapa (não bebi talvez café suficiente) ou estou outra vez a ler nas entrelinhas.
O Governo pretende aumentar em 50 por cento até 2009 o número de lugares nas creches públicas para as crianças mais carenciadas, dentro das políticas de incentivo à natalidade, revelou hoje o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social.
Acho bem, até porque o apoio à primeira infância é particularmente fraco em Portugal (e, para não variar, muito abaixo das médias europeias). Também acho bem que se pense nas "crianças mais carenciadas". O que eu não acho bem é que se comece logo na primeira infância a fazer a seguinte distinção: "meio carenciado = público", "meio não carenciado = privado".
E sobretudo o que eu não percebo é porque é que a inserção de crianças carenciadas na rede pública de apoio à primeira infância faz parte das políticas de incentivo à natalidade. São duas questões diferentes. As crianças "carenciadas" não deviam ir para a creche para que os pais tenham (mais) filhos. As crianças "carenciadas" deviam ir para a creche porque o Estado tem a obrigação de proporcionar a todos os seus cidadãos (sem discriminação de origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família) as mesmas oportunidades e facilidades. Da mesma forma que os pais "não carenciados" ou simplesmente "remediados" têm o direito a ser incentivados a ter mais filhos sem terem de pensar no como é vão pagar mais aquele outro balúrdio de creche ... privada.
Por isso das duas uma, ou qualquer coisa me escapa (não bebi talvez café suficiente) ou estou outra vez a ler nas entrelinhas.
6 Comentários:
E se o Estado subsidiasse a sua inserção no privado, onde há vagas por preencher?
Se há vagas por preencher é porque se calhar o negócio não deveria existir. Há uma obrigação do estado para com os cidadãos mas não creio que entre elas esteja desviar o dinheiro dos contribuintes para subsidiar negócios privados.
"desviar o dinheiro dos contribuintes para subsidiar negócios privados"... como a comparticipação dos medicamentos no SNS?
Não acho mal que exista educação privada (devidamente fiscalizada e, nalguns casos, apoiada pelo estado) mas são duas coisas diferentes. As pessoas podem pôr os filhos na escola pública (não falo especificamente das creches que são um buraco negro em portugal), mas muita gente não poderia comprar os medicamentos sem essa comparticipação.
Ou seja: pobres para a "pública" (eu prefiro estatal) e ricos para a privada? Perpetuemos a diferença!
(Note-se que esta associação não partiu de mim...)
Bem, não tinha pensado nisso assim mas também não percebo a insinuação na associação (muitos çãos :-) entre «pública má» «privada boa»
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