08 março 2011

A revolução da Senzala


Vive-se uma falta de solidariedade geracional, em que uma geração madura e bem colocada baseia o seu nível de vida na expropriação dos recursos das gerações ulteriores, sonegando-lhes o futuro tranquilo que estas lhes garantem.

Como não é sustentável manter o seu actual (muitas vezes elevadíssimo) nível de vida pagando salários condignos, não têm pudor em abusar do seu poder (estabelecido) para extorquir muitas vezes quase metade dos rendimentos dos mais frágeis. Não raramente baseiam os seus proveitos no trabalho gratuito desta juventude sem poder efectivo. Depois dizem, sem pudor, como álibi, que esta juventude não quer arriscar (diz quem nada arriscou), ou que pode emigrar. Dizer que a porta da rua é serventia da casa é uma pressão psicológica que visa perpetuar os seus próprios privilégios, que para além de deficiência de carácter revela falta de pensamento estratégico e comunal. Resta-nos sermos mercenários de outros países, num nomadismo forçado.


Somos qualificados, mas de qualificações desdenhadas. Somos, em muitos casos, a senzala dos Mexias e dos Carrapatosos; e custa ouvir pessoas que lutaram pela nossa liberdade (muitas vezes para dela fazerem sua courela privada) insurgirem-se contra a nossa revolta. Como se tivesse sido para isto, para os falsos recibos verdes, para os estágios não remunerados, para os MacEmpregos, para a falta de oportunidades, para o esmagamento do mais frágil ao serviço do poderoso instalado que o 25 de Abril tivesse sido lutado.


Faremos a mudança, mesmo que a longo prazo. Não faremos aos outros o que a geração dos nossos pais nos fez.


4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Mas o meu PAI não me lixou!!!!! BOLAS!

09 março, 2011 21:34  
Blogger Radagast disse...

Os nossos pais lixam-nos sempre.

09 março, 2011 23:34  
Anonymous Anónimo disse...

Culpar uma geração inteira pela actual situação é um argumento falacioso. Muitos dos que actualmente beneficiam de pensões de reforma descontaram durante décadas para as ter. O problema está nas más decisões políticas que comprometem o crescimento e nas elites empresariais que são pouco mais que nada sem a ajuda do Estado. Sem economia não há emprego, sem emprego não há descontos, sem descontos não há segurança social. Há que não confundir a árvore com a floresta
Sir H.

10 março, 2011 19:04  
Blogger Radagast disse...

A economia serve para nos servir não para a servirmos. Sim, estamos perante uma questão geracional. Não é apenas isso, mas é um talhão importante dos nossos problemas.
Quanto aos descontos, podes ter a certeza que daqui a 30 anos terei descontado mais de que a média dos nossos reformados de hoje (e não falo dos pensionistas sociais ou rurais) e receberei menos, muito menos, de que eles.

24 março, 2011 22:50  

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