30 setembro 2008

E ao Valentim, não oferecem?

Sabe-se que Palin, enquanto presidente de Wasilla, se portou como um qualquer Valentim Loureiro ou Ferreira Torres, adaptando leis para a favorecer directamente ou a pessoas próximas de si (isenção de taxas sobre aviões quando o sogro comprou um, desregulamentação de máquinas de neve quando ela e o marido se tornaram representantes de uma marca, etc e tal).

Entre as várias prendas que recebeu encontram-se sessões num instituto de beleza. Ora aí está uma oferta que seguramente nunca foi feita ao Major! Fica a sugestão.

Pod tries to save fellow Dolphin

Durante mais de uma hora os companheiros deste golfinho tentaram mantê-lo à superfície, uma vez que ele não o conseguia fazer sozinho. Eram cerca de vinte golfinhos que se iam revezando nesta tarefa. Será isto um mero instinto inconsciente?

26 setembro 2008

O «nosso» capitalismo

Não é curioso as grandes empresas financeiras andarem «ó tio, ó tio» (neste caso «ó tio Sam, ó tio Sam»)?


Ora, deixem cá ver se percebi como funciona este curioso capitalismo:

Separa-se a finança da economia real, de modo a que aquela cresça artificialmente sem uma relação directa com esta; contudo, mantém-se a relação suficientemente próxima para que, caso as coisas corram mal, esta seja afectada por aquela para obrigar o «público» a resgatá-la.


Depois, como o estado tem o péssimo hábito de regulamentar e fiscalizar, defende-se a necessidade de pouco estado, e que este mantenha as suas ineptas mãozinhas fora da iniciativa privada. Os financeiros e empresários é que sabem como se fazem as coisas. Consolida-se esta ideia junto a opinião pública, por exemplo, com amplamente divulgadas reuniões de empresários «preocupados» com o estado do…estado. No nosso país temos o caso do Compromisso Portugal (não deixa de ser curioso, se há coisa em Portugal mais inepta do que o estado é o nosso tecido empresarial. Ver homens que fogem publicamente ao pagamento de centenas de milhares de euros de impostos proclamar uma superioridade moral face ao estado é sintomático dos valores das nossas elites).


Se as coisas correm bem, os administradores embolsam milhões em prémios e salários e as empresas seguem o seu caminho de sucesso. Se as coisas correm mal os administradores embolsam milhões em prémios e salários e o estado salva as empresas. É o negócio perfeito para os capitalistas selvagens.


Eu acho bem que se levem a cabo estes resgates, mas os bens das empresas têm de reverter para o estado. Caso contrário, os contribuintes andam a sustentar riscos alheios. Riscos corridos porque se sabe que não há nada a perder.


O sistema capitalista, quando funciona, eleva a qualidade de vida da generalidade da população. Quando é abusado por uns quantos é esta generalidade da população que é prejudicada. O capitalismo é arriscado, os melhores são bem sucedidos, os piores perdem. Esta é a natureza das coisas. É este o motor da inovação. Assim se premeiam os mais eficientes e, espera-se, os que melhor contribuem para a sociedade como um todo. Se apostamos num capitalismo que suga os cidadãos quando correm bem as coisas e os onera quando correm mal, estamos num campo da selvajaria que não beneficia se não uns poucos. É preferível uma sociedade em que os vencedores ganham um pouco menos para que os vencidos vivam com dignidade.


P.S. E há uma outra mentira que teima em se perpetuar. Há anos que se incentivam os cidadãos a colocarem as suas poupanças e seguros em instituições privadas, repetindo ad nausea que o estado não terá capacidade para garantir as pensões e afins. Constata-se que a realidade é inversa. É o estado que serve de garante destas instituições privadas. As grandes empresas financeiras e de seguros têm, ao longo da história, recorrido ao estado para as salvar de apuros. O que se passa nos nossos dias não é diferente, apenas mais acentuado e despudorado.

12 setembro 2008

O tempo parou



Hora zero em Paris, numa pastelaria de Nova Orleães

07 setembro 2008

Os republicanos e o Eduardo Nogueira Pinto

Os Republicanos (e o Eduardo Nogueira Pinto) estão felicíssimos com a escolha de Palin para eventual vice-presidente, vista como uma mudança positiva e real. Afinal de contas, falamos de uma mulher! E que só é atacada porque é uma mulher! Mas só ela. Porque as mesmas pessoas que criticavam a Clinton por se queixar de sexismo são algumas das mesmíssimas pessoas que referem a Palin como vítima desse mal.


Ora, Palin não é mais do que o Bernardino Soares do Partido Republicano. A forma como o PCP apresentou na altura o "jovem mais velho de Portugal", o estalinista mais estalinista depois de Cunhal, o amigo da democracia norte-coreana, como símbolo da sua renovação é o mesmo modo com que o partido republicano apresenta Palin como símbolo de mudança.


Uma mulher que, na verdade, incorpora tudo o que há mais de republicano: é de um quase autismo em relação ao resto do mundo (até 2007 nunca tinha saído do país), refere-se à guerra no Iraque como uma missão divina, quer alargar a exploração petrolífera aos Parques Naturais do Alaska, nega a influência humana no aquecimento global, apoia a National Rifle Association, defende o ensino do criacionismo nas escolas, etc, etc. Percebe-se o encanto de Eduardo Nogueira Pinto pela senhora.


Se há algo que caracteriza os republicanos norte-americanos é uma hipocrisia viscosa e despudorada, um moralismo que só se aplica à vida alheia, com uma sobranceria característica de quem se julga naturalmente superior e que acha ultrajante (e imoral) que essa sua hipocrisia seja exposta. Não é à toa que os populares (ou centristas, sei lá como é eles se auto-intitulam ao meio-dia de 7 de Setembro de 2008) portugueses se sentem com eles tão identificados.


Uma coisa que me tem surpreendido nas nossas classes dirigentes é a sua falta de pudor quando dizem algumas das suas muitas barbaridades, mas isso parece generalizado, e o ENP fá-lo alegremente. Gosta que a religião interfira na política: «Já se sabe que Sarah Palin veio mobilizar a ala religiosa, sem a qual, goste-se ou não (eu gosto), nenhum republicano ganha eleições nacionais.» (deve ser amigo desta senhora), defende o destruir dos parques naturais elogiando o «aumento da produção de petróleo», usa de ironia para criticar o sistema nacional de saúde defendido pelos democratas e é apologista, claro, da «diminuição da despesa pública» (os pobres que não o sejam e vão morrer longe); vibra com uma «política externa (norte-americana) autónoma das instituições supranacionais» (o que é bom é a guerra fria, os Vietnames e os Iraques), e, com um tom depreciativo, diz que na convenção democrata se falava de coisas como o «“sonho americano” (e) De esperança». Puff, o que é bom é os mesmos de sempre governarem de acordo com os seus interesses de corporativos, instilando medo e terror para que vozes bélicas captem mais votos. A receita de sempre. Claro que para isto resulte é necessário manter as pessoas educadas ao nível do criacionismo. E há pessoas que se alegram com isso.