31 março 2006

Buraco negro

O Kadima quer decidir unilateralmente quais são as fronteiras de Israel. O argumento é o mesmo desde há muito tempo, mesmo quando ainda não tinha fundamento para o ser.

Uma das questões (talvez até a menos relevante) é a perenidade efectiva de uma fronteira que não é reconhecida por todos os intervenientes. Para além da própria comunidade internacional não poder aceitar algo tão ostensivamente ilegal e xenófobo.
Existe na Palestina um buraco negro no direito internacional. Como tal a legalidade corre o risco de ser absorvida centripetamente.

30 março 2006

Adubo.

Num comício em Nápoles, o senhor Berlusconi lembrou-se desta:

"Leggetevi il Libro nero del comunismo e scoprirete che nella Cina di Mao i comunisti non mangiavano i bambini, ma li bollivano per concimare i campi".

Ou seja, na China de Mao, os comunistas não comiam criancinhas (ao pequeno almoço?), mas ferviam-nas para adubarem os campos. Parece que os chineses não gostaram e que Pequim já protestou. Berlusconi retorque que é um facto histórico e que não foi ele quem cozinhou as criancinhas.

28 março 2006

Pirâmide do Sol em Teotihuacan durante o equinócio


Ai, ai...

27 março 2006

Já não remo

O homem da percussão da minha ex-galera já anda por aqui. Seja bem-vindo.

http://livrosemrevista.blogspot.com/

25 março 2006

Da venalidade


Estou cansado de ser um simples Sir! Se na próxima semana ganhar o Euromilhões, emprestarei ao Labour Party uns bons milhares de libras. Até já tenho o catálogo com as coroas e tudo, só ainda não sei qual escolher... De qualquer modo, se a sorte estiver do meu lado, em breve passarei a assinar Lord Humphrey.

24 março 2006

Perdido

Esta semana perdi um dia. Há um espaço de 24h que não me lembro de ter existido. Ontem acreditava, sentia, tinha a certeza que era quarta-feira. Disseram-me que era quinta e eu não acreditei. Procurei em todos os cantinhos da memória e não me recordei, ainda não me recordo, dessas horas tão preciosas. Perdi realmente um dia e é muito triste...

Voos

Manchester vai passar a ter um voo diário para Abu Dhabi, começa no mesmo mês em que termina o voo para Portugal. Numa altura em que a concentração de portugueses por aqui leva a ser considerada a possibilidade de se abrir um consulado na cidade, deixa de haver uma ligação aérea directa. Nem sequer semanal. Há coisas esquisitas.

23 março 2006

Terapia.


Amigos:

Dadas as polémicas tiradas do nosso camarada Radagast, achei por bem enviar-lhe a pílula mágica acima reproduzida:

Don't know the difference between a Mikveh and a mohel and your Jewish wedding is in three weeks time? Don't speak a word of Hebrew, and think Shabbath is an 80's metal band? Can't understand why the rabbi at your old synagogue keeps turning you away?

It may be time for you to convert to Judaism... Instantly! The Gramma Wiesentahl Way!

Become Jewish with one simple treatment. Share the unique faith of your partner, starting today.

22 março 2006

Fisco deixa caducar dívida de António Carrapatoso

Basebol, o verdadeiro desporto-rei

«That baseball has not caught on among the French may only underscore the global superiority of a sport that has been a vibrant American export since the days of whale oil. »

Esta pérola veio no editorial do NT Times hoje. Faz-me lembrar um pouco o FC Porto e o SL Benfica. O fcp pode ganhar tudo e mais alguma coisa mas a claque deles anda com cachecóis «Benfica odeio-te».

São grandes, poderosos e espertos mas muito tristes também.

A imigração segundo o bispo de Los Angeles

Sei que é um pouco longo mas vale a pena ler. É sempre bom ver que se pensa nas pessoas como pessoas, o que em alguns sítios é difícil...

Não vos passo o link porque às vezes o acesso não é fácil


Called by God to Help
By ROGER MAHONY
Los Angeles

I'VE received a lot of criticism for stating last month that I would instruct the priests of my archdiocese to disobey a proposed law that would subject them, as well as other church and humanitarian workers, to criminal penalties. The proposed Border Protection, Antiterrorism and Illegal Immigration Control bill, which was approved by the House of Representatives in December and is expected to be taken up by the Senate next week, would among other things subject to five years in prison anyone who "assists" an undocumented immigrant "to remain in the United States."

Some supporters of the bill have even accused the church of encouraging illegal immigration and meddling in politics. But I stand by my statement. Part of the mission of the Roman Catholic Church is to help people in need. It is our Gospel mandate, in which Christ instructs us to clothe the naked, feed the poor and welcome the stranger. Indeed, the Catholic Church, through Catholic Charities agencies around the country, is one of the largest nonprofit providers of social services in the nation, serving both citizens and immigrants.

Providing humanitarian assistance to those in need should not be made a crime, as the House bill decrees. As written, the proposed law is so broad that it would criminalize even minor acts of mercy like offering a meal or administering first aid.

Current law does not require social service agencies to obtain evidence of legal status before rendering aid, nor should it. Denying aid to a fellow human being violates a law with a higher authority than Congress — the law of God.

That does not mean that the Catholic Church encourages or supports illegal immigration. Every day in our parishes, social service programs, hospitals and schools, we witness the baleful consequences of illegal immigration. Families are separated, workers are exploited and migrants are left by smugglers to die in the desert. Illegal immigration serves neither the migrant nor the common good.

What the church supports is an overhaul of the immigration system so that legal status and legal channels for migration replace illegal status and illegal immigration. Creating legal structures for migration protects not only those who migrate but also our nation, by giving the government the ability to better identify who is in the country as well as to control who enters it.
Only comprehensive reform of the immigration system, embodied in the principles of another proposal in Congress, the Secure America and Orderly Immigration bill, will help solve our current immigration crisis.

Enforcement-only proposals like the Border Protection act take the country in the opposite direction. Increasing penalties, building more detention centers and erecting walls along our border with Mexico, as the act provides, will not solve the problem.
The legislation will not deter migrants who are desperate to survive and support their families from seeking jobs in the United States. It will only drive them further into the shadows, encourage the creation of more elaborate smuggling networks and cause hardship and suffering. I hope that the Senate will not take the same enforcement-only road as the House.
The unspoken truth of the immigration debate is that at the same time our nation benefits economically from the presence of undocumented workers, we turn a blind eye when they are exploited by employers. They work in industries that are vital to our economy yet they have little legal protection and no opportunity to contribute fully to our nation.

While we gladly accept their taxes and sweat, we do not acknowledge or uphold their basic labor rights. At the same time, we scapegoat them for our social ills and label them as security threats and criminals to justify the passage of anti-immigrant bills.
This situation affects the dignity of millions of our fellow human beings and makes immigration, ultimately, a moral and ethical issue. That is why the church is compelled to take a stand against harmful legislation and to work toward positive change.

It is my hope that our elected officials will understand this and enact immigration reform that respects our common humanity and reflects the values — fairness, compassion and opportunity — upon which our nation, a nation of immigrants, was built.
Roger Mahony is the cardinal archbishop of Los Angeles.

21 março 2006

A felicidade de uns é a infelicidade de outros

Puritanismo

O medo constante de que alguém, nalgum lugar, pode estar a ser feliz
H.L. Mencken

19 março 2006

Disparate óbvio parte II

BB,

Esta resposta vem tarde (e por isso faço dela um post) mas espero que não a más horas.

1. Quanto à frase da constatação do óbvio. Seria um argumento noutro contexto e caminho de discussão. Ali era apenas uma constatação de que aquelas decisões são mais fáceis de tomar quando são os filhos dos outros que vão morrer. Se isso não é óbvio não sei o que será.

2. Ainda antes da invasão colaborei na publicação de um livro da casa-mãe da editora para a qual trabalhava da autoria de Richard Butler, um dos inspectores que antecederam Blix. Não me lembro dos detalhes, já passaram uns anitos (bem depressa, por sinal). Era claro para ele que Hussein y sus muchachos não tinham ADM nem capacidade para as fabricar e apresentou dados exaustivos para comprovar a sua opinião. Isto foi antes da invasão.

Já para não vou falar das mil e uma vezes que Blix veio a público dizer que o Iraque não tinha ADM, que colaborava pouco mas que isso era mais para tentar fazer passar a ideia de que tinha do que não tinha. Na verdade, para quem era mais ou menos neutro na questão (poucos) não havia incerteza alguma e por isso não sei de que qual falas. A não ser que te baseies na certeza de Powell e das suas imagens por satélite.

18 março 2006

Books II: EMPIRE


Não se assustem, não me refiro ao Empire do Michael Hardt e do Antonio Negri, cruzes canhoto !!! Refiro-me sim ao Empire, da autoria do Niall Ferguson, que narra a história do Império onde o sol nunca se punha. Ainda não terminei o livro, mas o que li até agora agradou-me bastante. Recomendo-o.

17 março 2006

Cuidado com o tipo de relógios que usam; ainda vão parar a Guantanamo

This has been our nightmare since Bush administration began stashing prisoners it did not want to account for in Guantanamo Bay: As ordinary man with a name something like a bigwig’s is swept up in the dragnet and imprisoned without any hope of proving his innocence.

Take the case of Abdur Sayed Rahman. The transcripts quote Mr. Rahman as saying he was arrested in his Pakistani village in January 2002, flow to Afghanistan, accused of being the Taliban’s deputy foreign minister and then thrown into a cell in Guantanamo Bay. “I am only a chicken farmer in Pakistan” he said, adding that the Taliban official was named Abdur Zahid Rahman.

Other cases included prisoners who owned a particular kind of cheap watch supposedly favoured by Al Qaeda. An Afghan was accused of being the former Taliban governor of a province and subjected to a pretzel logic that would make Joseph Heller cringe. He said he was a different person entirely and asked the tribunal to contact the current governor and verify his story. The presiding officer refused, saying it was up to the prisoner to produce the evidence. The incarcerated Afghan then pointed out that he was being held virtually incommunicado in a United States prison in a remote corner of Cuba and not allowed to make calls. The presiding officer assured the prisoner that he would have plenty of time to write a letter – during the year of continued detention before his case might be reviewed again.
If the story of the chicken farmer and the men with the wrong watch are new, the broad outline of this disaster have long been visible. It is shocking in itself, an in fact that average citizens have not risen up to the demand that these abuses come to an end. The founding fathers knew that when you dispensed with the rule of law, the inevitable outcome was an injustice. Now America is becoming the thing they sought to end.

15 março 2006

Médicos ou barbeiros?

No mês passado circulou uma petição pelos meios científicos norte-americanos que defendia o ensino do creaccionismo nas escolas a par do darwinismo, e como contraponto a este. Entre os subscritores temos biólogos, químicos, engenheiros, físicos e médicos. Os demais, na minha visão embrutecida, são apenas pessoas que sofrem de um tipo, mais ou menos agudo, de esquizofrenia intelectual mas a presença de médicos nesse grupo torna as coisas um pouco mais complicadas, para não dizer perigosas.

Se realmente acreditam no que subscreveram (e temos de partir do pressuposto que sim) nem sequer deveriam estar habilitados a receitar um antibiótico porque, supostamente, não entendem o que torna nefasto seu uso excessivo.

E assim decai a ciência, e com ela a religião.

11 março 2006

Typically French

10 março 2006

Soares igual a si próprio


Esta bela fotografia (e até o comentário) sintetiza bem o personagem. É pena, já foi muito melhor...

Soares entediado O ex-Presidente da República Mário Soares manteve um semblante carregado durante toda a cerimónia de tomada de posse de Cavaco Silva e abandonou o Parlamento sem cumprimentar o novo chefe de Estado.

09 março 2006

Salvar o mundo.


De acordo com um estudo efectuado por cientistas alemães, o planeta Terra (isto é,o nosso, para aqueles que passam muito tempo na Lua) poderia ser ligeiramente desviado da sua órbita se um número significativo de seres humanos desse um salto ao mesmo tempo. Um número significativo seria, por exemplo, 600 milhões de pessoas no hemisfério norte.

Ora, esta descoberta tem implicações muito importantes! Se desviássemos ligeiramente a órbita do nosso planeta, poderíamos reduzir consideralvemente o efeito de estufa, sobretudo nas regiões com climas mais extremos (em geral, as ditas situam-se no mundo dito em "vias de desenvolvimento").

Por isso, no dia 20 de Julho de 2006, às 11:39:33 GMT, vamos todos DAR UM SALTO! Será o WORLD JUMP DAY! Vamos mudar o mundo! Vamos poder contar aos nossos filhos que um dia um acto POÉTICO, INÚTIL e por isso NECESSÁRIO nos salvou a vida a todos!!!

Para mais informações - nomeadamente acerca do estudo científico acima mencionado - visite-se:

World Jump Day

Disparate óbvio

Hoje na edição do The Independent podemos ver como alguns dos neocons que apoiaram, incentivaram e até exigiram a invasão do Iraque vêm dizer que esta foi um erro, que não deveria ter sido realizada e muito menos assim.

Dizem o óbvio, o que muitos já tinham dito na altura. Claro que haverá sempre alguém a afirmar que «agora é fácil falar». Nada mais cínico e revisionista. Muita gente na altura explicou, como se estes génios fossem muito burros, o que muito provavelmente iria acontecer. Não quiseram ouvir. A soberba, a ganância e o fanatismo falaram mais alto. Era fácil que assim acontecesse.

Afinal de contas nenhum destes americanos ilustres tem um filho a combater naquele pântano.

08 março 2006

SLB!

Ganhámos! Afiambramos nos bifes! Duas vezes!

Agora há que evitar o Milan, a Juventus e o Barça. De resto que venha o que vier!

Claro que há coisas menos boas, a principal das quais o Moretto, que parece o Ricardo do princípio de época mas com muito mais sorte.

Ainda estamos nas três competições e era mesmo bom que o Koeman deixasse de inventar.

Agora há que festejar, há que tirar a barriga das misérias europeias!

Afinal era um mito.

Pois é pessoal, parece que os Portugueses continuam a ser daqueles que falam menos línguas estrangeiras na Europa.

"As a recent Eurobarometer survey shows 8 half of the citizens of the European Union state that they can hold a conversation in at least one language other than their mother tongue. The percentages vary between countries and social groups: 99% of Luxemburgers, 93% of Latvians and Maltese, and 90% of Lithuanians know at least one language other than their mother tongue, whereas a considerable majority in Hungary (71%), the UK (70%), Spain, Italy and Portugal (64% each) master only their mother tongue. Men, young people and city dwellers are more likely to speak a foreign language than women, old people and rural inhabitants, respectively."

Felizmente, os Húngaros são piores que nós, como se pode constatar pelo exemplo que todos conhecemos...

Lagosta peluda


Não é uma lula gigante mas tem o seu quê

07 março 2006

Lula Gigante.


Photograph: Ian Nicholson/PA

Desde o princípio do mês que podem ver uma LULA GIGANTE no Museu de História Natural em Londres, preservada em 4000 litros de água salgada e formol. Tem apenas 9 metros, não sendo portanto a maior já capturada, mas encontra-se em bom estado de conservação.

O senhor que vêem na fotografia é Curador de Moluscos no Museu de História Natural. Leio isto - "Curador de Moluscos" - e percebo que a minha vida tem sido um grande equívoco. Falhei a minha vocação. Será tarde para mudar de rumo?

?!

A União Zoófila está a fazer uma colecta para auxiliar uns gatinhos doentes. Para tal, resolveram vender rifas. O primeiro prémio é... um presunto. Repito: um presunto! Vá lá, o 2º prémio é um queijo da serra...

06 março 2006

Óscares

Diz-se que foi um ano diferente, que se escolheram filmes mais sérios e menos fantasiosos. A razão, dirão muitos, é o contexto político. As pessoas finalmente estão dispostas a ver, estão dispostas a saber o que na verdade já sabiam, que vivemos numa sociedade livre mas que muitas vezes o é às custas de quem não faz parte do nosso mundo; uma sociedade livre mas que discrimina quem é diferente, quem não tem as opções sexuais certas, a cor da pele correcta ou uma mente menos formatada. Felizmente somos livres (até um certo ponto mas isso é outra história) e como homens e mulheres livres temos possibilidade de falar das nossas fraquezas e melhorar.

Mas quem sabe se a escolha destes filmes não se deve a algo mais prosaico.

04 março 2006

Butano

Hoje a corrida foi a -1º. O canal estava MESMO gelado. Não sei se ainda gosto assim tanto de butano...

03 março 2006

Monty Phyton e o Esperma

No outro dia vi o Sentido da vida, dos Monty Phyton. A cena divina (passe o trocadilho) do operário católico desempregado que tem de vender alguns filhos para experiências médicas (pelo menos estão vivos) e o protestante que, tal como o católico, também teve um filho cada vez que se deitou com a mulher (duas) desemboca no musical: “every sperm is sacred”. Ver dezenas de crianças a repetirem este refrão é sinal dos tempos de então, que seja absolutamente impensável ver tal coisa nos dias que agora decorrem é sinal dos tempos de hoje.

01 março 2006

Books


Um bom livro, que recomendo especialmente aos apaixonados pela Britain.

O canal

Hoje fui dar uma corrida pelo canal que passa pela minha casa. É um canal longo que liga o centro de Manchester à periferia e que era uma importante via de comunicação em tempos da Revolução Industrial. Aliás, o canal é em grande parte ladeado por edifícios, ou respectivas ruínas, que devem datar desse período. Entre eles há o que parece ser um armazém de gás, com imensas botijas a dar para um canal sobre o qual os patos caminhavam. Não era o caminho das pedras mas antes o do gelo matinal.

De todos os modos, a meio do canal (e fim do meu percurso) está a Cidade dos Desportos, onde se destaca o bonito estádio do City, rodeado por agradáveis relvados tão ingleses quanto a Revolução Industrial.

Já tenho o tartan para as minhas corridas matinais e até tive sorte: há patinhos e água, pontes e ruínas, relvados e cascatas.

Além do mais, adoro o cheiro de gás butano pela manhã.