30 maio 2007

Fotos Itálicas II

Atravessando o rio a caminho da Navona passa-se por água para chegar a água. Depois encontram-se figuras respeitáveis e imponentemente fascistas pelo foro itálico.
Tudo clicável, obviamente.










29 maio 2007

Andropausa, ver o futuro

Devia ter ido, em meados dos anos 90, ao congresso de medicina popular de Vilar de Perdizes. Se nessa altura me tivessem dito, dentro de uma tenda de tarot cheia de freaks macrobióticos, que em 2007 iria deliciar-me com este livro, não duvido que cortaria as veias, logo ali, com aqueles ganchos que as miúdas usam nos cabelos. E o sangue ainda serviria para uma macumba...
Mais velho, mais chato. Sempre a descer.


http://www.cambridge.org/catalogue/catalogue.asp?isbn=9780521771795&ss=exc

PS- mesmo os alérgicos à rational-choice deviam fazer uma tentativa. Vá lá pessoal das humanidades, coragem... primeiro estranha-se, depois entranha-se.

28 maio 2007

Micro-causa.

Vamos fazer uma vaquinha! Bilhete de avião para o Radagast ir à Polónia, já!

PS- sei o que te move, o Dr. Dude já o disse várias vezes... quando quiseres montar uma estratégia mentirosa, para te pagarem bilhetes de avião ou outra coisa, fala ali com a Cavaleira Andante ou comigo.

E o Calvin não só é maricas como anda enrolando com um animal!


A governante responsável pelos direitos das crianças na Polónia, zelosa, ordenou um estudo para averiguar se o teletubbie Tinky Winky não é homossexual, admitido a possibilidade de proibir os teletubbies caso o referido personagem não seja macho o suficiente.

É um país que está muito preocupado com a virilidade dos personagens de programas infantis. Num determinado programa de rádio havia pessoas que insinuavam que algo de estranho se passava com o Winnie de Pooh porque só tinha amigos masculinos (claro que deve ser o mesmo tipo de gente que diz que não é possível um homem e uma mulher serem amigos)

Nos dias que correm deve ser difícil fazer parte da maioria silenciosa na Polónia. Resta a quem o é ser menos silencioso.

Para quando?

O DD-LA bem podia promover a sua terriola. Sempre sonhei - a chacun sa sonho...- ler isto. É só arranjar um editor. Será , sem dúvida, uma excelente tradução.


Wilhelm Meisters Wanderjahre


Letras e realidade

Ou, como diz o adágio goetheiano: Dichtung und Wahrheit. A prosa académica do BB, saboreada furtivamente numa noite de verão em Santa Monica, recorda-me como escrever uma tese é um exercício de malabarismo em que às vezes esquecemos onde está o sonho, e onde a realidade.
E ainda bem que temos esta opção. Por exemplo, quando se trata de miúdas. As de cá são na maioria assim:


Não, não é uma fata morgana. A fata morgana é esta, do Raymond Chandler:

"It seemed there was a woman and she was sitting near a lamp, which was where she belonged, in a good light. [...] She was so platinumed that her hair shone like a silver fruit bowl. She wore a green knitted dress with a broad white collar turned over it. There was a sharp-angled glossy bag at her feet. She was smoking and a glass of amber fluid was tall and pale at her elbow. [...]

I stopped these furtive movements and said: 'Hello.'

The woman withdrew her gaze from some distant mountain peak. Her small firm chin turned slowly. Her eyes were the blue of mountain lakes. Overhead the rain still pounded, with a remote sound, as if it was somebody else's rain.

'How do you feel?' It was a smooth silvery voice that matched her hair. It had a tiny tinkle in it, like bells in a doll's house. [...]

She was tall rather than short, but no bean-pole. She was slim, but not a dried crust. She went back to her chair. [...]

She was silent. Smoke floated dimly from her cigarette. She moved it in the air. Her hand was small and had shape, not the usual bony garden tool you see on women nowadays. [...]

I stood beside her, touching her knees. She came to her feet with a sudden lurch. Our eyes were only inches apart.

'Hello, Silver-Wig', I said softly. [...]

I leaned against her and pressed her against the wall with my body. I pushed my mouth against her face. I talked to her that way. 'There's no hurry. All this was arranged in advance, rehearsed to the last detail, timed to the split second. Just like a radio program. No hurry at all. Kiss me, Silver-Wig'.

Her face under my mouth was like ice. She put her hands up and took hold of my head and kissed me hard on the lips. Her lips were like ice, too.

I went out through the door and it closed behind me, without sound, and the rain blew in under the porch, not as cold as her lips." (The Big Sleep)

*Suspiro*


27 maio 2007

Agradecimento

O casal LA-London prestou mais um excelente serviço linguístico às ciências sociais. Desta vez a MM teve a maior tarefa. Obrigado.

I' m back!


25 maio 2007

E nós queremos brincar aos legos!

"O que preocupa a oposição é que o Governo vai realizar obra e vai construir o novo aeroporto da Ota"
V. Exª o deputado Ricardo Rodrigues
É caro,
É estúpido,
É uma aberração económica,
É um disparate de engenharia,
mas é bueda grande e mais tarde vão dizer que fomos nós que o fizemos.

toma, toma
toma, toma

Death Valley


Há duas semanas, o Dude pôs-se na estrada com o seu Ford decrépito e, à falta de companhia mais sexy, com os seus pais. Primeira estação: Death Valley. Com um calor absurdo, obviamente. Depois de Maio, dizem as más línguas, já ninguém vai para a DV, excepto os alemães. Mas ainda estávamos em Maio, claro. Que maricas.
Se algo restava do meu cérebro, ficou feito torrão naquele primeiro dia de caminhadas pelas profundezas do vale - bem abaixo do nível do mar, perto do ponto onde, supostamente, se registam as mais elevadas temperaturas da terra (curiosamente, disseram-me o mesmo no Irão, sobre a caldeira de Lut). Ficou no entanto, gravada na memória como em pedra, a recordação do mais silencioso cair da noite jamais visto, numa planície vasta e desolada, feita inteiramente de cristais de sal. E o sabor estranho de uma frescura infinitamente seca que se tenta beber, sem sucesso, nos picos circundantes, o mais alto dos quais oferece uma vista digna do inferno de Dante.
O Ford, coitado, parecia um mamute moribundo a subir aquelas encostas, uivando em primeira e cuspindo óleo para todos os lados. Mas lá conseguiu, e nós saímos do Vale da Morte vivos, ainda que tontos. Pensar que do outro lado do planeta existe uma cidade chamada Roma, e que no mar, bem além das montanhas californianas, vivem criaturas gelatinosas com tentáculos, que coisa mais absurda. Perguntámos uma data de vezes pelo resultado das eleições em França, e a resposta mais completa que obtivemos foi: "France? I've heard about that place. They fry potatoes, don't they?"

23 maio 2007

Era para fazer fumo para espantar os mosquitos

«A missionação da América Latina "não supôs, em nenhum momento, uma alienação das culturas pré-colombianas, nem foi uma imposição de uma cultura estranha", disse Bento XVI, na abertura dos trabalhos da Conferência do Episcopado Latino-Americano (Celam).

Os castigos corporais a quem não levava os filhos a baptizar, as perseguições a quem não ia à missa, o queimar de milhares de códices pré-hispânicos que nos privaram de maravilhas estéticas e intelectuais e violentaram as culturas pré-colombianas; meros detalhes.
Há coisas que nunca mudam...

Separados à nascença /homologias estruturais.


2007

Um ano pop/rock vintage. E ainda temos 6 meses pela frente...

a) É verdade.
b) Estás com os primeiros sintomas de andropausa.
c) É natural que procures várias formas de fugir ao calendário. Afinal um PhD é um PhD.

Alguns dirão que a,b e c não se excluem mutuamente.

22 maio 2007

Fotos Itálicas

O interior da arena

Coliseu desfocado


Amor e Psique por museus capitolinos



21 maio 2007

Aviso.

O Cavaleira está em obras. Until further notice ...

14 maio 2007

Tourette


O museu etrusco vale a pena, pelas peças, pela vila em que está instalado, pela tranquilidade. Não parece ser um espaço muito visitado. Salas havia em que eu estava sozinho. Confesso que isso só me incomodou quando chegado à “Sala dos Esposos” (uma peça notável) dou comigo acompanhado por um funcionário do museu que parecia ter Tourette (não estou a gozar!).
Tenho toda a simpatia por pessoas que passam a vida a gritar injúrias e obscenidades (coisa que eu faria de bom grado umas quantas vezes mais) mas estar sozinho com uma delas numa zona recôndita de um museu às moscas tem algo de intimidante (e dá que pensar sobre a política de contratações do museu…)

11 maio 2007

Vi a minha amiga em Pompeia


AS Roma - Lázio



As equipas odeiam-se.
Totti é um Deus.
Uma equipa enverga uma elegante cor de vinho e outra um amaricado azul-bebé.
E é muito mais giro chamar «buffone» ao árbitro :-D

09 maio 2007

Coliseus

Mas o nosso (o de St. Antão) é mais giro ;-)

Hora do Lanche.

Não se preocupem que hoje vou jantar fora... Além disso prometo não pôr os pés no Feno durante uma larga temporada. Mas estava ali a ler uns blogues enquanto bebia o café da tarde e o Rui Tavares que, para quem não o conhece, é um gajo inteligente e com piada, saiu-se, como é seu hábito, com uma boa (publicada no Público no dia 7/05):

Dizem os brasileiros que cada país usa como lema não aquilo que mais tem, mas aquilo de que mais precisa. No Brasil é “Ordem e Progresso”. Na França é “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.
(...)
Nós só usamos como lema as palavras “República Portuguesa”, e faz sentido. Mais uma vez, não é o que temos mas aquilo de que mais precisamos.


Se não fosse verdade, até dava vontade de rir.

Globalização?

Mais uma pausa, desta feita para almoçar.

Constato, com grande espanto, que o caso da criança inglesa raptada no Algarve, chegou aos telejornais franceses. Três coisas chamam a minha atençaõ: a criança é dada como tendo supostamente sido "raptada por uma rede pedófila internacional", o Cristiano Ronaldo aparece a fazer um apelo em inglês mas dobrado em francês e a reportagem conclui que a "polícia portuguesa terá sido negligente".

Globalização, sim... Também dos preconceitos.

Ler nas entrelinhas.

Ronda matinal da imprensa, com o café na mão. Leio no Público:

O Governo pretende aumentar em 50 por cento até 2009 o número de lugares nas creches públicas para as crianças mais carenciadas, dentro das políticas de incentivo à natalidade, revelou hoje o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social.

Acho bem, até porque o apoio à primeira infância é particularmente fraco em Portugal (e, para não variar, muito abaixo das médias europeias). Também acho bem que se pense nas "crianças mais carenciadas". O que eu não acho bem é que se comece logo na primeira infância a fazer a seguinte distinção: "meio carenciado = público", "meio não carenciado = privado".

E sobretudo o que eu não percebo é porque é que a inserção de crianças carenciadas na rede pública de apoio à primeira infância faz parte das políticas de incentivo à natalidade. São duas questões diferentes. As crianças "carenciadas" não deviam ir para a creche para que os pais tenham (mais) filhos. As crianças "carenciadas" deviam ir para a creche porque o Estado tem a obrigação de proporcionar a todos os seus cidadãos (sem discriminação de origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família) as mesmas oportunidades e facilidades. Da mesma forma que os pais "não carenciados" ou simplesmente "remediados" têm o direito a ser incentivados a ter mais filhos sem terem de pensar no como é vão pagar mais aquele outro balúrdio de creche ... privada.

Por isso das duas uma, ou qualquer coisa me escapa (não bebi talvez café suficiente) ou estou outra vez a ler nas entrelinhas.

Sou um maricas polaco

«Todos somos maricas polacos» li de um cronista do Liberátion (cujo nome me escapa) na semana passada. Sim, nestes dias em que os homossexuais polacos são perseguidos como portadores da peste (moral) todos deveríamos ser maricas polacos. Ainda para mais nós, portugueses, que esperamos há 400 anos que um maricas nos venha salvar de nós mesmos.

Fatos

Isto poderá parecer disparatado mas...não pude deixar de sentir Roma como familiar, com uma comodidade que encontro em Lisboa e em nenhuma cidade espanhola, por exemplo. Claro que a monumentalidade e a riqueza não são comparáveis mas as cores, a forma de estar de alguns grupos de pessoas, os cafés e outros etcs. fazem-me sentir Roma como um fato que me serve. E de fatos falarei mais tarde.

07 maio 2007

Aviso aos Historiadores.

Ontem no primeiro discurso que fez (o mesmo em que promete "reabilitar o trabalho, a autoridade, a moral e o respeito") o Sarkozy voltou a insistir que "o tempo do arrependimento" acabara.

É um dos seus temas preferidos: o arrependimento da França, uma França que, cito dum outro discurso, "não inventou a Solução Final" (maus momentos para a amizade franco-alemã; as palavras de Sarkozy foram, aliás, para os "nossos amigos americanos") e que por isso "não tem que se envergonhar". Uma França que é a "pátria dos Direitos do Homem" e que, por isso, se apresta agora a apagar as páginas do colonialismo e do colaboracionismo. O primeiro foi civilizador e o segundo nunca existiu?

A História faz agora parte daquelas disciplinas que, como a Literatura Antiga, não servem para nada. Contrariamente ao Reino Unido ("um modelo"), onde já se percebeu que um Historiador pode fazer tão bem ou melhor o trabalho de qualquer pateta licenciado em Ciências Políticas ou Gestão Empresarial, em França a História resume-se agora ao "prazer do conhecimento". Ou será que a História voltou, simplesmente, a ser um campo de batalha?

06 maio 2007

Um comunicado do ALain DOminic.

Ce soir, nous sommes tristes, nous sommes en colère, nous sommes sonnés, mais nous ne sommes pas abattus.
Nous sommes conscients que notre pays a pris un virage dangereux et que nous avons à craindre le pire. Mais nous ne nous laisserons pas faire !!!!
Ségolène Royal a mené une campagne remarquable, difficile, mais porteuse d'espoir. Elle nous a convaincu, elle M'a convaincu.
Nous ne laisserons rien passer, nous nous battrons et nous gagnerons.

Désormais nous entrons en résistance : NO PASSARAN !!!!!!!!

Peace Yo
ALain DO

02 maio 2007

Os tempos mudaram.

Excerto de uma entrevista com aquele que será, provavelmente, o próximo presidente da República Francesa:

"Vous avez le droit de faire littérature ancienne, mais le contribuable n'a pas forcément à payer vos études de littérature ancienne si au bout il y a 1000 étudiants pour deux places. Les universités auront davantage d'argent pour créer des filières dans l'informatique, dans les mathématiques, dans les sciences économiques. Le plaisir de la connaissance est formidable mais l'Etat doit se préoccuper d'abord de la réussite professionnelle des jeunes".

De De Gaulle a Chirac, passando por Miterrand, houve sempre uma coisa em comum: todos se reivindicaram "homens de cultura". Mas os tempos mudaram. Hoje é-se o "homem do rendimento". Acho que vou ter de emigrar outra vez.

01 maio 2007

Detalhe

Bem, os telemoveis sao a perdissao dos condutores...parece que às vezes conduzem com os joelhos e um telemovel em cada mao

Carros

O transito romano nao é tao caotico quanto imaginara. Claro que as motas dominam e a popularidade dos Smart é notàvel mas os sinais sao, em geral, respeitados; tanto pelos peoes como pelos motorizados. Mais que em Lisboa. Aguardo Nàpoles...

Hindus

Roma é uma cidade regressada à antiga tradissao de comerciar com os Indianos. Estao em todo o lado a oferecer os seus produtos de origem garantida (garantidamente chineses), e confesso ter sido uma surpresa, como se nao fizessem parte da ideia que fazia (fasso) de Roma. Porém, todos somos de todo o lado. Cada vez mais.